domingo, fevereiro 25, 2007

"Tá tudo dominado"

Há uns cinco, seis anos, papai e mamãe controlavam o tempo que ficava em frente ao computador. No máximo eram duas horas. Duas horas bem aproveitadas, claro. E sempre torcendo para que amigos estivessem “on-line”. Bem, mas eu sou normal e vulnerável como qualquer um, e não gostava dessa “restrição familiar”.
O tempo passou e com isso o controle chegou ao fim. Era impossível manter a rédea. Cada vez mais pessoas adicionavam-me, mais assuntos surgia via MSN, mais sites apareciam para eu entrar. Não teve jeito. A internet tomou conta da minha vida.
E como era bom! 4, 5 horas da manhã e eu firme forte em frente a uma tela, conversando sabe Deus o que! E então surge o Orkut. Que maravilha! É tão bom saber que você não é o único que tem medo do Plantão da Globo e que acorda meio totalitário. Você reencontra pessoas que você nem dizia bom dia na sala de aula, amores infantis que nunca te deram bola e hoje riem quando lembram do que aconteceu. Um mundo. O Orkut é um mundo.
Mas tudo tem o seu tempo. Hoje, a graça já não é tanta. O MSN começa a ficar vazio. O horário que seus amigos entram, não batem com o que você ta “on line”. A proposta do Orkut de ser uma rede de amigos vai por água a baixo. Principalmente com o surgimento da “bina”. Isso acabou com a sua privacidade. O Orkut virou um antro de fofoca. É incontrolável. Você vê o recado de uma pessoa, confere o que ela respondeu e tira suas próprias conclusões. As pessoas perguntam sobre sua vida como se elas fizessem parte dela. Você lê o que não gostaria nunca de saber. Isso é vida? Eu não acho.
A Internet cada vez mais expõe a pobreza de espírito. Hoje, eu sinto falta de contato. Conta de carne. Olho no olho. Saber da vida dos seus amigos pela boca deles e não pela fonte Arial e na cor azul. Eu sinto falta de conquistar uma garota diariamente, com bons papos, boas indiretas percebendo cada reação dela pelos seus olhos. Hoje, eu tenho medo das pessoas. Eu não sei mais conversar com um ser humano, como quando tinha meus 13, 14 anos. Porque? Porque a internet esconde meu rosto, meu “eu” verdadeiro. Eu nunca sei se a pessoa que está do outro lado da tela está sendo verdadeira. É um tiro no escuro. E é assim, tomando um tempo precioso da sua vida, a tecnologia invade sua casa, sua rotina. Hoje ela torna-se mais companheira do que amigos e familiares muitas vezes. Com todos esses apetrechos, internet torna-se cruel, fria, mas indispensável.

4 comentários:

Anônimo disse...

...

Anônimo disse...

naum adianta negar....consciente ou inconscientemente eu tenho uma influencia neste texto....
"...é triste adimitir, mas com o advento do orkut as relações humanas se resumiram a meras linhas digitadas apressadamente..."

Haline....

Anônimo disse...

uhm...
otimo artigo...
diz a verdade por traz das coisas.
Abaixo o pc...
Vamos detonar todos...
vamos nos mudar para longe de td isso. vamos fundar uma vila no meio do mato para nos isolarmos, e la voltarmos no tempo em que não tinham todas essa coisas...
uhm.. isso daria um otimo roteiro de filme...

huauaau

Anônimo disse...

adorei o texto! E já disse alguma vez: impressionante como vc está escrevendo!