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Em seu perfil do Twitter, o prefeito da cidade de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) postou uma foto dele, acompanhado da secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Alda Marcoantonio (PMDB), tentando convencer sete moradores de rua a irem para albergues. Apenas uma pessoa aceitou.
A atitude do prefeito é elogiável?
É.
É?
Na cidade de São Paulo, temos mais de 14 mil moradores de rua. O motivo que levaram essas pessoas a aquela situação são os mais diversos. Tem o catador de lata que não consegue voltar para casa com a carroça e acaba dormindo nela. Ou brigou com a mulher e nunca mais voltou para casa. Ou por causa das drogas, do álcool, pessoas não são mais aceitas dentro de casa. Tem quem perdeu emprego de uma forma traumática, violenta. Ou ex-presidiário que não é mais aceito aonde veio.
E é nesse ponto que começa o erro da prefeitura.
É louvável a ideia de levá-los a albergues, principalmente nessa época de temperaturas baixas. Mas dar comida e abrigo não basta, até por que eles fogem ou são expulsos para os locais que são encaminhados. Aí, algo que sempre me questionei é: por que eles não conseguem ficar por mais de 1 mês nesse lugar? Depois de ler muito sobre o assunto e visitar albergues, você entende. Os locais são como quartéis: tem regra para tomar banho, para jantar, para acender a luz, para sair do quarto. Tem fila pra tudo.
O rompimento dessas pessoas com a sociedade foi traumático, voltar a conviver com regras não é fácil. Na rua, eles vivem num cotidiano de total liberdade, apesar de privado do conforto da vida moderna. É um rompimento com o mundo que eles vivem nas ruas.
Eles não podem levar nada que pertencem a eles nas ruas, como, por exemplo, a cachaça e a o seu cachorro. O Boraceia, um enorme complexo construído no governo da Marta Suplicy e localizado na Barra Funda, tinha um canil. Hoje, ele está desativado.
O que o prefeito e a secretária (de olho nessa mulher, ela vem forte nas próximas eleições municipais) não entendem, é que dar abrigo e comida são questões emergenciais e que devem ser feitas para que ninguém morra, mas não é a solução.
Se o morador é viciado em alcoolismo ou drogado, por que não há um acompanhamento psicólogo ou psiquiatra nos albergues? Por que não encaminha pessoas com problemas mentais para clínicas especializadas?
Só boa vontade não resolve.
Mas que essa visitinha fajuta do prefeito a sete moradores de rua é revoltante, isso é.
Um comentário:
Muito bom o texto, Thiagão. Realmente é revoltante a demagogia que o nosso Prefeito demonstra. Eu sempre digo que ele representa o que há de mais ultrapassado na política. Seu mandato foi um fiasco, não conseguiu cumprir metade das metas de campanha que registrou em cartório e ainda por cima passou a maior parte do tempo articulando para criar o seu partido "topa tudo".
Parabéns pela argumentação!
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