segunda-feira, março 18, 2013

Dor


A dor maltrata.  Mas não é nossa inimiga.  Dor é sintoma, é alerta.  Tem que ser escutada.  Dor é luz de óleo de carro quando acende.  Não é contra a luz que se tem que lutar.  Precisa escutar a mensagem que ela traz.  Ou você toma providência ou bate o motor. 

Dor é cano estourado, é insuportável, é urgência.  Tem que resolver, estancar.  Isso é só o que se pensa na hora do desespero.  Todos já passamos por isso.  Cada um estanca como pode, nem sempre da melhor forma, apenas da forma possível.  Sobreviver já é lucro.

 Cada um conserta seu cano como pode no momento.  Só que, se eu tampo com chiclete, com toalha, num remendo mal ajeitado, tenho que saber que vai vazar e agravar muito o meu problema mais à frente.

Porque a dor é como a água, procura seu curso.  Ou a gente para, enxerga, tenta resolver e dar passagem para que ela nos conte a que veio, ou ela infiltra e se esgueira por outras direções.

Há pessoas que sentem pelo corpo:  têm enxaquecas, dores de barriga, de estomago, de coluna, pedras nos rins.  É a dor buscando seu curso.  A dor busca expressão.  É a forma que ela tem para mostrar que precisa ser cuidada. 
O sintoma é um pedido de socorro sempre. Uns dormem para esquecer. Outros  não dormem, porque não conseguem esquecer. Noites e noites em claro.

Há os que falam sem parar, e os que se calam completamente.  Os que fumam muito, bebem muito ou mergulham de cabeça numa panela de brigadeiro e os que param de comer.  Tem os que se drogam com remédios ou drogas não oficiais.  Em todos eles podemos ler o pedido de socorro estampado no olhar.  Em todos eles o grito mudo da dor.  A vida lhes dói, corta a carne por dentro e eles não sabem remendar esse cano para resolver e estancar de vez.  Nos olham perdidos, molhados de dor no meio da inundação.


Nesse meio tempo, quando tentamos resolver as coisas pelas nossas próprias mãos, as decisões também são só nossas, por mais que tenhamos família, amigos, parceiros, ¨uma palavra amiga , uma notícia boa¨.  Por mais que larguemos ou deleguemos, a decisão sempre será nossa.  Na hora de ir ou ficar, na hora de começar ou separar, na hora do vamos ver, a decisão é só nossa.  Ninguém no seu lugar.  Isso é que é solitário.
 

Essa sensação de que não-tem-jeito-tem-que-ir é levemente aterrorizante.  Se fingirmos não ver nossas dores, nossas questões mais doídas, largamos de mão e não tomamos posição, essas dores vão nos engolir.
 

Deus pode estancar um a ferida. Basta se entregar, basta deixar aos pés da Cruz tudo aquilo que lhe faz mal, que traz tristeza, que te causa dor.

O amor de Deus salva. Reconstrói. Revigora a alma. Entregar tudo a Deus não é fácil num primeiro momento, mas quando você consegue, sua vida deixa de ser dor para ser esperança. Esperança numa vida melhor, esperança que vem de um sangue que nos salvou e que nos mostra que é possível sim, enfrentar nossos medos e temores.

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